terça-feira, 23 de junho de 2009

PASSANDO A UM OUTRO EVANGELHO

No meio cristão há grande proliferação de doutrinas, boa parte embasada em interpretações equivocadas das Escrituras, deturpações das falas de Jesus, dos apóstolos, dos profetas, manipulações para atender a conveniências, entreter as multidões e obter poder sobre as massas, etc.

Milhares ou milhões de pessoas correm atrás de mensagens que lhes façam bem, que falem aos seus egos, que ofereçam a promessa de ausência de problemas, prosperidade, satisfação da vontade própria, enfim, buscam um evangelho que dê resultados conforme a perspectiva humana decaída, resultados esses que não implicam, necessariamente, em uma busca de salvação, em transformação de vida, em aperfeiçoamento do ser humano.

Assim, quando surge um "milagreiro" multidões se aglomeram dia após dia para ouvir o que ele tem a dizer, e tentar obter algum milagre. Não importa o que seja necessário fazer ou comprar, vale a pena "investir" para conseguir o tão almejado milagre, a solução de um problema, a "proteção divina", sucesso profissional, melhoria nas finanças, etc.

Se nas pregações ministradas pelos homens que comandam tais "espetáculos" fossem incluídas mensagens de arrependimento, quebrantamento, transformação de vida, seus templos se esvaziariam, pois embora as pessoas tenham sede, elas buscam apenas água natural, que mata a sede provisoriamente, e não a Água da Vida, aquela que, se alguém beber, nunca mais terá sede, e de seu interior fluirão rios de água viva.


Jesus teve que conviver com gente assim. Ele não os repeliu, ao contrário, manifestou misericórdia, curando os doentes, alimentando os famintos, embora eles estivessem à procura de milagres, sinais, comida...

Mas Jesus advertiu contra os falsos profetas. Ele disse que seria possível, sim, pessoas fazerem milagres e realizarem muitos sinais em Seu Nome, sem que isto implicasse em que a pessoa fosse realmente dEle. Assim, Jesus falou:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." (Mt 7:21-23)

O próprio Juda Iscariotes, que posteriormente entregou Jesus a seus assassinos, estava no meio dos discípulos e havia recebido autoridade para expulsar demônios, realizar curas e sinais. Ele estava na comissão enviada por Jesus para pregar a Palavra do Reino. Alguém dirá que Judas era um verdadeiro discípulo de Jesus, que amava o Mestre e seguia a Palavra dEle? Alguém dirá que Judas era uma pessoa confiável, que falava da parte de Deus? Parece óbvio que não!

Judas tinha intenções políticas. Ele queria um rei que acabasse com o domínio do império romano sobre o povo judeu. Ele pensava em uma revolução, um levante contra o império. Ele não sabia o que era o Reino de Deus, e nem fazia parte desse Reino. Seu coração estava no reino da terra.

Assim como Judas, continuam existindo muitos que fazem sinais no nome de Jesus, gritam o nome de Jesus aos quatro ventos, nas praças, nos templos, nos estádios lotados, mas seus corações também não estão no Reino de Deus, e sim no reino da terra.

A vontade que tais homens pretendem realizar não é a vontade de Deus, mas a vontade dos homens. Assim, se as massas querem milagres e grandes manifestações sensoriais, é isso que se empenharão em fornecer ao seu público.

Salvação? Ora, a salvação não é a mensagem principal em suas mensagens. Importa que as pessoas os vejam como libertadores, quase no mesmo patamar de Jesus, talvez até com mais autoridade do que Ele (na cabeça deles, claro!). Importa que as pessoas se empolguem com seus "brados (berros) de poder", seus saltos e piruetas, seus malabarismos no púlpito, sua capacidade de conseguir uma hipnose coletiva e induzir o público a sensações que parecem ser manifestações do Espírito Santo, mas não passam se peças pregadas pelo espírito do homem.

Desta forma, multidões se arrastam atrás de um paganismo evangélico que não tem poder para restaurar vidas e transformar pessoas, mas serve apenas para alimentar crenças supersticiosas criadas pelo homem. Amuletos são vendidos (claro que não são vendido com o nome de amuletos), e os resultados das vendas ajudam a engordam as contas bancárias de "apóstolos", "bispos" e outras sumidades do engodo.

Tijolinhos, martelinhos, lenços ungidos pelo suor de algum mestre do ilusionismo evangélico, água de alguma poça formada pela chuva (dizem que é do Rio Jordão), lascas da cruz de Cristo (que, pelo jeito, era de alguma madeira incorruptível e maior do que o estádio do Maracanã, tantas as lascas que já foram vendidas após 2000 anos da morte de Jesus), chave da prosperidade, sal grosso ungido, e coisas do gênero.

Fazer a vontade do Pai ninguém quer. Entrar pela porta estreita, então, nem pensar! Arrependimento dos pecados é algo proibido de ser pregado. Amor a Deus e ao próximo? Isso é coisa do passado. E assim vai caminhando a humanidade, de paganismo em paganismo, cada vez mais para longe da vontade de Deus.

As pessoas se entragam a um outro evangelho, que não é aquele pregado por Jesus.

"Estou admirado de que tão depressa passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para um evangelho diferente. De fato, não há dois evangelhos: há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo." (Gálatas 1:6-7)

Que grande surpresa será quando, na volta de Cristo, muitos ouvirem dEle a sentença: "apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade." As tentativas de argumentação serão inúteis, pois, como Jesus já disse, não são os muitos sinais maravilhosos feito em Seu Nome que credenciam alguém a adentrar aos portões do Reino dos Céus, mas sim o fazer a vontade do Pai, que está nos Céus.

Como saber qual a vontade do Pai? A Bíblia nos foi entregue para que tivéssemos um verdadeiro manual para a Vida. Ali está o que o Pai requer de nós, e o que Ele nos oferece. Ore e medite na Palavra de Deus, e deixe de correr atrás do vento, pois esse vento pode se tornar uma tempestade e engolir os imprudentes. Busque a Jesus, não para obter prosperidade ou uma vida sem dificuldades, mas para ser transformado em uma nova criatura e ser salvo no Dia da Ira.


Que YAHWEH abençoe sua vida, em Cristo Jesus.

José Vicente

23.06.2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

SIMPLES COMO CRIANÇAS


"Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele." (Mc 10:15)
Os seres humanos têm tendência a complicar as coisas, em qualquer área da vida. Quanto mais adulto quer se tornar o ser, maiores as complicações que ele cria.
Infelizmente, no campo da espiritualidade o ser humano também insiste em complicar tudo, inclusive aquelas coisas extremamente simples e singelas, que não são passíveis de serem estudadas, esmiuçadas, utilizadas em teses de doutorado e coisas do gênero.
Quando Jesus, o Verbo Eterno, se fez homem e habitou entre nós, Ele passou três anos pregando o Evangelho do Reino de Deus, falando e vivendo com simplicidade.
Na palavras de Jesus, o amor é a essência de tudo. Amor a Deus e amor ao próximo, ainda que o próximo seja seu inimigo.

Esse amor, uma vez posto em prática, livra a pessoa de ficar o tempo todo procurando saber se está ou não cumprindo cada preceito da Lei de Deus, e, por conseguinte, livra da servidão infrutífera à Lei, pois observar a Lei tem que ser sinônimo de vida, e não de morte e escravidão.

Assim, quem ama a Deus acima de tudo, obviamente não prestará culto e adoração a nada e ninguém que não seja o Deus Único e Soberano, criador dos céus e da terra. Se assim não proceder, a declaração de amor a Deus é falsa, porquanto, como diz a Escritura, Deus não divide a Sua glória com ninguém, Ele exige fidelidade, pois não há outro deus.

Quem ama ao próximo, tendo como medida o amor que tem por si mesmo, sem dúvida jamais fará ao próximo aquilo que não gostaria de experimentar em sua própria pele, e, em termos de ação, sempre buscará fazer ao próximo o bem que gostaria de receber para si.

As coisas são simples, a mensagem do Reino é simples, nós é que complicamos tudo.

Jesus disse: “Quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6:47). Ele enfatizou a necessidade de ter fé. Mas uma fé autêntica, que não depende de sinais e sentimentos. Ele advertiu os religiosos de sua época, que viviam pedindo sinais. Eles não tinham fé, e não a teriam, por mais que vissem sinais, pois a verdadeira fé não está alicerçada em sinais, sensações e coisas do gênero, mas está firmada na Verdade da Palavra de Deus.

Assim como Jesus disse que quem nEle crê tem a vida eterna, Ele também disse que aquele que não crê já está condenado. É algo simples, que não necessita de nenhuma tese de doutorado para ser compreendido. A salvação é pela fé em Jesus Cristo, que se manifesta na vida para a Vida. A condenação é pela falta de fé em Jesus Cristo, que também se manifesta na vida, mas para a morte.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (Jo 3:16-18)

Simples assim.

Jesus disse que se não formos como crianças, não entraremos no Reino dos Céus.

Crianças são simples, não vivem complicando as coisas. Elas recebem o amor dos pais sem ficar estudando fórmulas de como agradar aos pais. Elas não desenvolvem toda uma sistemática para estabelecerem um diálogo com os pais, pelo contrário, elas simplesmente conversam com eles, espontaneamente, alegremente, com vivacidade, sabendo que estão se comunicando com quem as ama, e retribuem esse amor com simplicidade.

Crianças se aconchegam nos braços dos pais buscando proteção, porque sabem que ali, naquele colo, estarão protegidas, pois os pais são capazes de dar a vida por elas.

Crianças não são cheias de pudores no relacionamento com os pais. Não são formalistas. Aliás, se há alguém que quebre qualquer protocolo ou regra de etiqueta, é a criança.

Crianças dependem dos pais, e pedem o que precisam. Se ouvem um sim, pulam de alegria, fazem a festa. Se ouvem um não, choram, esperneiam, mas no fim voltam ao aconchego dos braços dos pais, porque estes demonstram seu amor, independentemente de atenderem ou não àquele pedido específico, e estão sempre dispostos a abraçar os filhos.
Crianças se deixam conduzir pelos pais, pois confiam neles.

Sem simplicidade, não se verá o Reino de Deus.

A simplicidade da criança, que ama e se permite ser amada.

Por que insistimos tanto em ser formalistas com nosso Pai, que está nos céus? Parece ser tão difícil estabelecer um diálogo simples e espontâneo com Deus, sem os chavões usados continuamente e que se tornam vãs repetições!

Por que gastamos nosso tempo tentando estudar Deus - que não pode ser objeto de estudo, pois está acima de qualquer conhecimento humano, é inexplicável, não pertence ao mundo que conhecemos - em vez de nos ocuparmos simplesmente em crer nEle e buscar Sua presença em nossas vidas?

Por que vivemos tentando explicar a fé, se ela não é explicável, mas é algo que tem que ser simplesmente vivido? Ou se tem ou não se tem fé! Simples assim. Fé explicada, lógica, que se compreende com raciocínio e estudo, não é fé, é crença, e crença não salva.

Por que não somo simples como as crianças? Seríamos seres humanos muito melhores, teríamos um relacionamento muito mais autêntico com Deus, e não viveríamos angustiados tentando explicar o que não tem explicação, compreender o que não é compreensível (as coisas espirituais se discernem espiritualmente, e não com o intelecto), estudar o que não pode ser estudado.

Se fôssemos simples como crianças, nos contentaríamos em viver colados com nosso Pai, sendo abraçados por Ele e abraçando-O, recebendo dEle o melhor, e recebendo dEle a consolação e o cuidado quando nos sentimos feridos física ou espiritualmente.
Se cultivássemos a simplicidade, não ficaríamos tentando decifrar os desígnios do Pai, mas nos permitiríamos ser conduzidos por Ele, sabendo que o Pai nos ama e nos leva a lugares de refrigério.

Pense bem. Será que vale a pena continuar sendo um adulto chato, formal, meticuloso, lógico, frio e distante de Deus, ou é melhor ser como criança e correr para os braços do Pai?

Que IAVÉ, o Deus Altíssimo, nos abençoe ricamente, e nos restitua a simplicidade que perdemos quando deixamos de ser como crianças para com o Pai.

José Vicente
18/06/2009

sexta-feira, 12 de junho de 2009

FELIZ DIA DOS NAMORADOS


NÃO DEIXE O AMOR PASSAR

de

Carlo Drummond de Andrade


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.


Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.


Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.




quarta-feira, 10 de junho de 2009

SÊ CORAJOSO E FORTE

de
Gióia Júnior

Quando estiveres fatigado e triste
e meditares na terrível sorte,
não temas, pois Jesus é teu amigo:
Sê corajoso e forte!

Se te apanharem pelo mar da vida,
da dor cruenta o vendaval e a morte,
não desanimes, Cristo está contigo:
Sê corajoso e forte!

Se, no trajeto pelo mundo incauto,
vires perdida a orientação, o norte,
segue a Jesus e Ele será teu guia:
Sê corajoso e forte!

Se o dissabor, que fere a humanidade,
no coração abrir-te fundo corte,
pede a Jesus, pois Ele dá o alívio:
Sê corajoso e forte!

Se forem tantas as dificuldades,
que a tua força já não mais suporte,
roga ao Senhor que te mantenha firme:
Sê corajoso e forte!

Se vacilares, pela vida escura,
e com teu mal o mundo nem se importe,
ora com fê - e te erguerás contente:
Sê corajoso e forte!

Fonte: http://www.aliancacomunidade.com.br/variedades.php?var_tipo=P

BONS AMIGOS

de
Machado de Assis

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

terça-feira, 9 de junho de 2009

CUIDE DA ORQUÍDEA


Adquiri uma linda orquídea,
Linda mesmo, daquelas que enchem os olhos
Com tamanha beleza, e encantam de tal forma,
Que dá vontade de sentar em frente a ela
e ficar o dia todo contemplando seus delicados traços,
E suas viçosas folhas,
Sua singeleza e sua exuberância.
Um floricultor, ao ver tão belo exemplar,
Sabiamente me aconselhou: “cuide da orquídea”.
Cuidar da orquídea? Sim, algo prazeroso.
Regar, afagar a bela flor,
Acariciar seu corpo com todo carinho.
Sim, é necessário cuidar da orquídea.
Outro dia arranjei um cacto.
Daqueles que nascem no deserto, cheios de espinhos,
Que quase nem precisam de água,
Na verdade são acostumados a terrenos
Áridos, onde o Sol racha o dia todo.
O cacto não precisa de muitos cuidados.
O floricultor, vendo meu cacto,
Insistiu: “cuide da orquídea”.
Sim, cuidarei da orquídea.
Aliás, do cacto nem precisei cuidar muito.
Ele foi crescendo, crescendo...
Ele simplesmente ficava lá, respirando
O mesmo ar da orquídea.
Quando vi, já estava adulto, um cactão!
Algumas vezes tentei fazer-lhe um afago,
Mas minhas mãos recuavam rapidamente,
Feridas por seus espinhos.
Deixei o cacto e a orquídea bem próximos
Um do outro, pensei poder cuidar dos dois juntos.
Ao tentar afagar a orquídea,
Encostava-me nos espinhos do cacto e me feria.
Carícias na orquídea significavam arranhões
Provindos do cacto.
O cacto sempre me machucava, mas eu, não querendo
Me livrar dele, pois até lhe tinha afeição,
Achando que ambos poderiam
Dividir o mesmo ambiente sem problemas,
Fui deixando, deixando, deixando...
Vez ou outra alguma pessoa de meu bem querer
Vinha à minha casa, e, vendo a orquídea,
Se dispunha a afagá-la, mas recuava rapidamente,
Pois o cacto, imponente e prepotente,
Afugentava quem se aproximasse, ameaçando
E atacando com seus pontudos espinhos.
“Tire esse cacto daí, não combina com a orquídea”,
Foi o que ouvi muitas vezes.
“Pra que você quer esse monte de espinhos
Dentro da sua casa? Isso ainda vai machucar alguém!”
Ah! Se eu tivesse ouvido!
Cacto e orquídea, juntos! Não combina.
Fui deixando, as vozes ecoavam na cabeça
Mas fui deixando, deixando...
“Qualquer hora dou um jeito”, pensava eu.
O cacto sobrevive sem água.
De vez em quando dava uma olhadinha em ambos,
A orquídea estava ali, quase sumida perto do cacto.
Puxa! Como o cacto ficou gigante!
Quase nem dava pra chegar muito perto
Porque era muito fácil de me ferir nos espinhos.
Que correria, essa minha vida!
Mal tinha tempo de regar minhas plantas.
Ah! Tudo bem! O cacto quase nem precisa de água.
Mas e a orquídea? Ah! Depois rego um pouquinho.
E assim os dias foram se passando.
Outro dia uma pessoa querida se feriu no cacto
Quando tentava apreciar a orquídea.
Ficou irada. Não voltou mais à minha casa.
De vez em quando me vinha à memória
O conselho: “cuide da orquídea”.
Fui regar a orquídea.
Que coisa! O cacto estava tão grande, tomava tanto espaço,
Que eu nem conseguia me aproximar direito da orquídea!
Ela estava tão pálida, tão sem vida!
Mas o cacto estava muito imponente.
Na verdade, nunca fui muito chegado a cacto,
Mas não conseguia abandonar aquele.
Uns braços do cacto haviam se estendido sobre a orquídea,
Parecia que ele queria envolvê-la.
“Tenho que tirar o cacto daqui...”, pensava eu.
E fui me envolver em outros afazeres, deixando
O cacto onde estava, tomando conta de tudo.
E o tempo passou, e passou....
De dentro a voz veio novamente:“cuide da orquídea”.
Ah! O que houve com minha orquídea?
Envergou-se, tombou, secou, morreu!
Ah! Minha orquídea! Tão linda que era!
Como pude deixar que isso acontecesse?
Talvez algum adubo, não sei, deve haver um jeito.
Pobre orquídea! Não restou nenhum traço daquela
Linda flor que eu trouxera para casa.
Que infelicidade! Que tristeza!
Minha orquídea morreu!
Como dói olhar para aquele vaso
E ver o cadáver de minha orquídea!
E o cacto? Continua ali, forte, espinhento!
Mas o cacto não me alegra, ele apenas me machuca.
A orquídea floria minha vida.
Foi-se a flor, fiquei apenas com os espinhos.
Bem que eu deveria ter ouvido aquele conselho:
“Cuide da orquídea”.
Por que coloquei um cacto ao lado de minha orquídea?
O cacto sobrevive na aridez desértica,
Mas a orquídea, tão sensível e meiga,
Tolo! Eu deveria saber ...
Nunca deveria ter esquecido o conselho:
“Cuide da orquídea”.

José Vicente, 06.10.2008

segunda-feira, 8 de junho de 2009

VOCÊ ESTÁ COM DEUS?

Deus é onipresente. Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo. Está aqui nesta sala onde digito esta mensagem, está na sala de quem a está lendo. Ele está nas casas, nos locais de trabalho, nas escolas, no mar, enfim, não há lugar onde Deus não esteja.

Entretanto, o fato de Deus estar no mesmo lugar em que você, não significa que você esteja com Deus.

Se João e José estão em um restaurante, cada qual sentado à sua mesa, não estando um na companhia do outro, então João não está com José, eles apenas estão no mesmo local.

Para que se pudesse dizer que João está com José, seria necessário que houvesse um vínculo entre eles (amizade, parentesco ou trabalho), e que realmente estivessem juntos ali (João convidou José para almoçar), ou, mesmo que tivessem se encontrado casualmente no restaurante, passassem a dividir a mesma mesa, enquanto colocavam a conversa em dia.

Portanto, repito: não é porque Deus está no mesmo local em que você está, que se pode dizer que você está com Deus.

Você estará com Deus se mantiver um relacionamento com Ele. Se você o convidar para estar junto com você, se realmente cultivar a amizade de Deus, buscar o conhecimento do Senhor através da oração e da leitura da Palavra, andar conforme os mandamentos dEle.

"E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus." (Tg 2:23)

Abraão era um homem como qualquer outro, mas o que o diferenciava era o fato de que era amigo de Deus. Ela cria em Deus, e nEle depositava sua confiança. Ele conversava com Deus, e andava com a consciência de que Deus estava em toda parte, acompanhando seus passos, e nessa consciência entregava seus passos a Deus, a fim de ser conduzido pelo melhor caminho.

Abraão não se contentava em saber que Deus estava no mesmo lugar que ele. Abraão queria compartilhar com Deus sua própria vida, e, assim, andar com Deus. Abraão vivia por fé, pois a fé é o que possibilita o estabelecimento de um relacionamento com Deus. "Sem fé", como diz a Escritura, "é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam". (Hb 11:6)
Assim, pela fé sei que Deus está aqui, no mesmo lugar em que me encontro neste momento. E pela fé busco relacionar-me com Ele, estabelecendo um diálogo, ainda que em silêncio, e buscando nEle tudo o que me falta para ser alguém melhor. Desta forma, sei que não estou sozinho, mas Deus é meu companheiro inseparável, ainda quando eu mesmo não suporto minha própria companhia. Ele não desampara um amigo.

Responda com sinceridade: você está com Deus, ou vive como se Ele estivesse muito longe, sem possibilidade de um contato mais profundo?

"O Senhor teu Deus está no meio de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo." (Sf 3:17)

Que Deus manifeste sua presença na vida de todos os que O buscam e desejam Sua amizade.

José Vicente
08/06/2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

SOBRE PLANTAÇÕES E COLHEITAS


Às vezes fico perplexo em ver como as pessoas complicam tudo. Vivem querendo colher o que não plantaram, e ainda reclamam quando suas plantações produzem exatamente aquilo que foi semeado. Quanta confusão! 

Há aqueles que semeiam discórdia, principalmente através de “simples” fofoquinhas, e vivem reclamando porque não conseguem ter paz em seus lares. Qual será a causa? Também existem os que reclamam que não se sentem amados, que são tratados com dureza, mas esses mesmos vivem semeando o desamor, tratam mal a todos, não medem suas palavras, querem simplesmente expor suas opiniões, sob a desculpa esfarrapada de que é necessário ter franqueza, e acabam ferindo, magoando, entristecendo as pessoas com quem convivem. Dá pra obter um resultado diferente com esse tipo de semeadura? 

Uns querem ser respeitados, mas não se dispõem a respeitar ao próximo. Outros querem ser valorizados, mas nunca valorizam o trabalho e as virtudes alheias. É fácil encontrar os que querem ser tratados com fidelidade, mas não são fiéis a nada nem a ninguém. Plantam infidelidade e vivem desconfiados de todos! Pais querem que os filhos sejam obedientes, que andem em boas companhias, que sejam estudiosos, que saibam respeitar as pessoas, mas permanecem omissos na educação e disciplina dos filhos, deixam que o mundo os eduque, não investem tempo para cultivarem a amizade sincera que deve haver entre pais e filhos, não brincam com os filhos, não conversam, dão mais valor ao trabalho e a outras coisas, dão exemplos ruins, e depois reclamam dos resultados. 

Pessoas querem mudanças, desde que sejam os outros a mudar, pois, na prática, elas próprias não estão dispostas a mudar nada em suas vidas. Da mesma forma, as pessoas querem receber bênçãos de Deus! Querem que Deus abençoe o trabalho, o lar, a saúde, as finanças, o namoro, etc., um anseio comum e saudável. Mas não estão dispostas a manter um relacionamento verdadeiro com Deus. 

Eis o problema: é impossível colher aquilo que não foi semeado! A lei da semeadura é uma dessas leis da vida que não podem ser alteradas pelo ser humano. Se você planta, colhe exatamente o que plantou. Se a plantação foi de melancia, acredite, não vai haver uma colheita de jabuticaba. Quem planta cacto não vai obter orquídea. Paulo, apóstolo de Cristo, expôs essa lei ao dizer: “não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. (Gl 6:7) 

É interessante notar que os resultados de uma semeadura ruim não afetam apenas ao semeador, mas os reflexos podem ser experimentados por muitas outras pessoas com quem ele convive ou até mesmo pessoas de fora de seus vínculos relacionais. Assim, no momento da colheita os frutos são repartidos, voluntariamente ou não, entre muitas pessoas, sendo que, destas, a grande parte está inocente, porém acabam sendo atingidas direta ou indiretamente. Pode-se exemplificar com o marido infiel, que vive em busca de aventuras extraconjugais. Ele sofrerá na carne as conseqüências de seus atos, porém estas também serão sentidas por sua família, que será fortemente abalada e, muitas vezes, destruída. Como a família é a base da sociedade, ruindo aquela esta também se esfacelará, perdendo seus valores.

O ser humano costuma buscar um culpado para todas as coisas ruins que acontecem. Desta forma, vemos Deus sendo responsabilizado pela miséria humana, pelas tragédias, pela situação de subumanidade em que vivem crianças indefesas na África, etc. Trata-se da tão conhecida transferência de responsabilidade, praticada por Adão no início da existência humana, quando jogou sobre a mulher a culpa pelo seu deslize e, descaradamente, mas de forma velada, culpou Deus por ter feito a mulher, que o levou a pecar. Nos mesmos moldes, os seres humanos transferem para Deus a culpa pelo atual estado do mundo, e jogam para baixo do tapete toda a sujeira que eles mesmos produzem. Ora, a humanidade tem semeado coisas ruins desde os tempos mais remotos, mas hoje isso é intensificado, pois a mentalidade das pessoas (com exceções) tem se tornado em uma verdadeira fonte de males que acabam retornando para a própria humanidade. Não sei se já houve algum outro tempo em que os seres humanos tenham sido tão desprovidos de amor como no presente. Mas tudo o que se vê diante de nós é parte da colheita de séculos de uma semeadura de desamor, de descrença ou de crença em qualquer coisa que pareça ser agradável aos ouvidos de quem ouve, menos fé em Deus. 

Na continuação do texto bíblico, é dito que “o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gl. 6:8) 

Andar na carne é viver de forma a satisfazer apenas nossos desejos, buscar prazeres transitórios, e isso implica em caminhar conforme o curso deste mundo, adotando a sua filosofia do “vale tudo para ser feliz”. Vale mentir, trapacear, menosprezar, humilhar, renunciar à família, viver de forma promíscua, se perder em bebedeiras, ficar até de madrugada em bailes onde rola de tudo, desfazer casamentos por qualquer motivo, pisar em pessoas para subir, amar o dinheiro e não as pessoas, etc. Esse tipo de semeadura, acreditem, não vai produzir os frutos de felicidade que as pessoas almejam, pelo contrário, vai resultar em morte. Morte espiritual e, não raras vezes, física. Doenças, crises familiares, crises financeiras, solidão mesmo em meio à multidão, tristeza, depressão, mesmo quando parece que as coisas estão indo bem. Vícios, que significam escravidão. Desvalorização do ser. Nojo de si mesmo. Tudo isso e muito mais é colhido por quem semeia na carne. 

Hoje, pessoas vivem de maneira promíscua, nutrem uma vida sexual desregrada, se entregam a orgias e buscam satisfação a qualquer preço. Essa é a semeadura, que, inicialmente, pode aparentar algo bom, porque se espera que o prazer traga como resultado a felicidade. O grande susto vem no momento da colheita. As pessoas não acreditam quando recebem o resultado positivo do teste de HVI, e descobrem que estão condenadas a uma vida de sofrimento e dor até a morte. Então, o marido infiel, que vivia na devassidão, acaba infectando sua esposa, e, não raras vezes, o filho, que ainda está no útero da mãe, gerando um resultado desastroso não apenas para si próprio, mas para sua família. Esse é apenas um exemplo, dentre centenas de outros tipos de semeadura na carne, que resulta em uma colheita verdadeiramente maldita. 

Semear no Espírito, por sua vez, é muito diferente. Significa observar a Palavra de Deus, a Bíblia, buscando viver conforme o que Ele nos determina. Deus é amor, e Seus mandamentos visam ao nosso bem, por isto não podemos olhar para os preceitos de Deus como se fossem algo pesado demais, pois se os praticarmos, sem dúvida o resultado trará a verdadeira felicidade, e não aquela alegria falsa e passageira oferecida pelo mundo. Aquele que semeia no Espírito, guiado pelo Espírito de Deus, obedecendo aos mandamentos de Deus, esse colherá um fruto maravilhoso: a vida eterna. É o que nos diz o versículo oito, acima transcrito. 

Semear no Espírito é viver em retidão perante Deus. É crer em Jesus Cristo e entregar sua vida a Ele. O próprio Paulo, na mesma carta escrita aos Gálatas, no capítulo 5, diz o que vem a ser a semeadura na carne e no Espírito: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” (Gálatas 5:19-25) 

Se você tem dúvidas quanto ao que semear, achando que há muitos preceitos a serem observados, vai aqui uma sugestão: semeie o amor. Sim, o amor, que, conforme as Escrituras, “é o vínculo da perfeição” (Cl 3:14). Também é nas Escrituras que descobrimos que “toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5:14) Com que medida devo amar ao meu próximo? Com a mesma medida com que amo a mim mesmo. Esse foi o mandamento de Jesus. E o próprio Jesus colocou em termos práticos esse amor ao dizer: “tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mt 7:12) É simples: faça aos outros o que você deseja que seja feito a você, e não faça o que não quer que lhe seja feito. Excelente medida de amor. Amor é perdão, inclusão, auxílio, compreensão, delicadeza, caridade, misericórdia, justiça, atenção, solidariedade, e tudo o mais que fizer o bem a você e ao próximo. 

Portanto, antes de reclamar do que tem colhido, verifique o que tem semeado. Ainda é tempo de cultivar coisas boas. Quanto ao que você tem obtido de Deus, observe se você tem se disposto a estabelecer um verdadeiro relacionamento com Ele. Não fique esperando bênçãos se você investe todo o seu tempo em tudo, menos em conhecer Aquele que criou você. “Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós” (Tg 4:8). 

Que a paz e o amor de Cristo reinem em seu coração.

José Vicente 
05.06.2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Seguindo a Deus de Perto

por
A. W. Tozer

“A minha alma apega-se a ti: a tua destra me ampara” (Sl 63:8.).

O evangelho nos ensina a doutrina da graça preveniente, que significa simplesmente que, antes de um homem poder buscar a Deus, Deus tem que buscá-lo primeiro.
Para que o pecador tenha uma idéia correta a respeito de Deus, deve receber antes um toque esclarecedor em seu íntimo; que, mesmo que seja imperfeito, não deixa de ser verdadeiro, e é o que desperta nele essa fome espiritual que o leva à oração e à busca.

Procuramos a Deus porque, e somente porque, Ele primeiramente colocou em nós o anseio que nos lança nessa busca. “Ninguém pode vir a mim”, disse o Senhor Jesus, “se o Pai que me enviou não o trouxer” (Jo 6:44), e é justamente através desse trazer preveniente, que Deus tira de nós todo vestígio de mérito pelo ato de nos achegarmos a Ele. O impulso de buscar a Deus origina-se em Deus, mas a realização do impulso depende de O seguirmos de todo o coração. E durante todo o tempo em que O buscamos, já estamos em Sua mão: “... o Senhor o segura pela mão” (Sl 37:24.).

Nesse “amparo” divino e no ato humano de “apegar-se” não há contradição. Tudo provém de Deus, pois, segundo afirma Von Hügel, Deus é sempre a causa primeira. Na prática, entretanto (isto é, quando a operação prévia de Deus se combina com uma reação positiva do homem), cabe ao homem a iniciativa de buscar a Deus. De nossa parte deve haver uma participação positiva, para que essa atração divina possa produzir resultados em termos de uma experiência pessoal com Deus. Isso transparece na calorosa linguagem que expressa o sentimento pessoal do salmista no Salmo 42: “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando irei e me verei perante a face de Deus?” E um apelo que parte do mais profundo da alma, e qualquer coração anelante pode muito bem entendê-lo.

A doutrina da justificação pela fé — uma verdade bíblica, e uma bênção que nos liberta do legalismo estéril e de um inútil esforço próprio — em nosso tempo tem-se degenerado bastante, e muitos lhe dão uma interpretação que acaba se constituindo um obstáculo para que o homem chegue a um conhecimento verdadeiro de Deus. O milagre do novo nascimento está sendo entendido como um processo mecânico e sem vida. Parece que o exercício da fé já não abala a estrutura moral do homem, nem modifica a sua velha natureza. É como se ele pudesse aceitar a Cristo sem que, em seu coração, surgisse um genuíno amor pelo Salvador. Contudo, o homem que não tem fome nem sede de Deus pode estar salvo? No entanto, é exatamente nesse sentido que ele é orientado: conformar-se com uma transformação apenas superficial.

Os cientistas modernos perderam Deus de vista, em meio às maravilhas da criação; nós, os crentes, corremos o perigo de perdermos Deus de vista em meio às maravilhas da Sua Palavra. Andamos quase inteiramente esquecidos de que Deus é uma pessoa, e que, por isso, devemos cultivar nossa comunhão com Ele como cultivamos nosso companheirismo com qualquer outra pessoa. É parte inerente de nossa personalidade conhecer outras personalidades, mas ninguém pode chegar a um conhecimento pleno de outrem através de um encontro apenas. Somente após uma prolongada e afetuosa convivência é que dois seres podem avaliar mutuamente sua capacidade total.

Todo contato social entre os seres humanos consiste de um reconhecimento de uma personalidade para com outra, e varia desde um esbarrão casual entre dois homens, até a comunhão mais íntima de que é capaz a alma humana. O sentimento religioso consiste, em sua essência, numa reação favorável das personalidades criadas, para com a Personalidade Criadora, Deus. “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste".

Deus é uma pessoa, e nas profundezas de Sua poderosa natureza Ele pensa, deseja, tem gozo, sente, ama, quer e sofre, como qualquer outra pessoa. Em seu relacionamento conosco, Ele se mantém fiel a esse padrão de comportamento da personalidade. Ele se comunica conosco por meio de nossa mente, vontade e emoções.

O cerne da mensagem do Novo Testamento é a comunhão entre Deus e a alma remida, manifestada em um livre e constante intercâmbio de amor e pensamento.

Esse intercâmbio, entre Deus e a alma, pode ser constatado pela percepção consciente do crente. É uma experiência pessoal, isto é, não vem através da igreja, como Corpo, mas precisa ser vivida, por cada membro. Depois, em conseqüência dele, todo o Corpo será abençoado. E é uma experiência consciente: isto é, não se situa no campo do subconsciente, nem ocorre sem a participação da alma (como, por exemplo, segundo alguns imaginam, se dá com o batismo infantil), mas é perfeitamente perceptível, de modo que o homem pode “conhecer” essa experiência, assim como pode conhecer qualquer outro fato experimental.

Nós somos em miniatura, (excetuando os nossos pecados) saquilo que Deus é em forma infinita. Tendo sido feitos a Sua imagem, temos dentro de nós a capacidade de conhecê-lO. Enquanto em pecado, falta-nos tão-somente o poder. Mas, a partir do momento em que o Espírito nos revivifica, dando-nos uma vida regenerada, todo o nosso ser passa a gozar de afinidade com Deus, mostrando-se exultante e grato. Isso é este nascer do Espírito sem o qual não podemos ver o reino de Deus. Entretanto, isso não é o fim, mas apenas o começo, pois é a partir daí que o nosso coração inicia o glorioso caminho da busca, que consiste em penetrar nas infinitas riquezas de Deus. Posso dizer que começamos neste ponto, mas digo também que homem nenhum já chegou ao final dessa exploração, pois os mistérios da Trindade são tão grandes e insondáveis que não têm limite nem fim.

Encontrar-se com o Senhor, e mesmo assim continuar a buscá-lO, é o paradoxo da alma que ama a Deus. É um sentimento desconhecido daqueles que se satisfazem com pouco, mas comprovado na experiência de alguns filhos de Deus que têm o coração abrasado. Se examinarmos a vida de grandes homens e mulheres de Deus, do passado, logo sentiremos o calor com que buscavam ao Senhor. Choravam por Ele, oravam, lutavam e buscavam-nO dia e noite, a tempo e fora do tempo, e, ao encontrá-lO, a comunhão parecia mais doce, após a longa busca. Moisés usou o fato de que conhecia a Deus como argumento para conhecê-lO ainda melhor. “Agora, pois, se achei graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber neste momento o Teu caminho, para que eu Te conheça, e ache graça aos Teus olhos” (Ex 33:13). E, partindo daí, fez um pedido ainda mais ousado: “Rogo-te que me mostres a tua glória” (Ex 33:18). Deus ficou verdadeiramente alegre com essa demonstração de ardor e, no dia seguinte, chamou Moisés ao monte, e ali, em solene cortejo, fez toda a Sua glória passar diante dele.

A vida de Davi foi uma contínua ânsia espiritual. Em todos os seus salmos ecoa o clamor de uma alma anelante, seguido pelo brado de regozijo daquele que é atendido. Paulo confessou que a mola-mestra de sua vida era o seu intenso desejo de conhecer a Cristo mais e mais. “Para O conhecer” (Fp 3:10), era o objetivo de seu viver, e para alcançar isso, sacrificou todas as outras coisas. “Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus meu Senhor: por amor do qual perdi todas as cousas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3:8).

Muitos hinos evangélicos revelam este anelo da alma por Deus, embora a pessoa que canta, já saiba que o encontrou. Há apenas uma geração, nossos antepassados cantavam o hino que dizia: “Verei e seguirei o Seu caminho”; hoje não o ouvimos mais entre os cristãos. É uma tragédia que, nesta época de trevas, deixemos só para os pastores e líderes a busca de uma comunhão mais íntima com Deus. Agora, tudo se resume num ato inicial de “aceitar” a Cristo (a propósito, esta palavra não é encontrada na Bíblia), e daí por diante não se espera que o convertido almeje qualquer outra revelação de Deus para a sua alma. Estamos sendo confundidos por uma lógica espúria que argumenta que, se já encontramos o Senhor, não temos mais necessidade de buscá-lO. Esse conceito nos é apresentado como sendo o mais ortodoxo, e muitos não aceitariam a hipótese de que um crente instruído na Palavra pudesse crer de outra forma. Assim sendo, todas as palavras de testemunho da Igreja que significam adoração, busca e louvor, são friamente postas de lado. A doutrina que fala de uma experiência do coração, aceita pelo grande contingente dos santos que possuíam o bom perfume de Cristo, hoje é substituída por uma interpretação superficial das Escrituras, que sem dúvida soaria como muito estranha para Agostinho, Rutherford ou Brainerd.

Em meio a toda essa frieza existem ainda alguns — alegro-me em reconhecer — que jamais se contentarão com essa lógica superficial. Talvez até reconheçam a força do argumento, mas depois saem em lágrimas à procura de algum lugar isolado, a fim de orarem: “Ó Deus, mostra-me a tua glória”. Querem provar, ver com os olhos do íntimo, quão maravilhoso Deus é.

Ë meu propósito instilar nos leitores um anseio mais profundo pela presença de Deus. É justamente a ausência desse anseio que nos tem conduzido a esse baixo nível espiritual que presenciamos em nossos dias. Uma vida cristã estagnada e infrutífera é resultado da ausência de uma sede maior de comunhão com Deus. A complacência é inimigo mortal do crescimento cristão. Se não existir um desejo profundo de comunhão, não haverá manifestação de Cristo para o Seu povo. Ele espera que o procuremos. Infelizmente, no caso de muitos crentes, é em vão que essa espera se prolonga.

Cada época tem suas próprias características. Neste exato instante encontramo-nos em um período de grande complexidade religiosa. A simplicidade existente em Cristo raramente se acha entre nós. Em lugar disso, vêem-se apenas programas, métodos, organizações e um mundo de atividades animadas, que ocupam tempo e atenção, mas que jamais podem satisfazer à fome da alma. A superficialidade de nossas experiências íntimas, a forma vazia de nossa adoração, e aquela servil imitação do mundo, que caracterizam nossos métodos promocionais, tudo testifica que nós, em nossos dias, conhecemos a Deus apenas imperfeitamente, e que raramente experimentamos a Sua paz.

Se desejamos encontrar a Deus em meio a todas as exteriorizações religiosas, primeiramente temos que resolver buscá-Lo, e daí por diante prosseguir no caminho da simplicidade. Agora, como sempre o fez, Deus revela-Se aos pequeninos e se oculta daqueles que são sábios e prudentes aos seus próprios olhos. É mister que simplifiquemos nossa maneira de nos aproximar dEle. Urge que fiquemos tão-somente com o que é essencial (e felizmente, bem poucas coisas são essenciais). Devemos deixar de lado todo esforço para impressioná-lO e ir a Deus com a singeleza de coração da criança. Se agirmos dessa forma, Deus nos responderá sem demora.

Não importa o que a Igreja e as outras religiões digam. Na realidade, o que precisamos é de Deus mesmo. O hábito condenável de buscar “a Deus e” é que nos impede de encontrar ao Senhor na plenitude de Sua revelação. É no conectivo “e” que reside toda a nossa dificuldade. Se omitíssemos esse “e”, em breve acharíamos o Senhor e nEle encontraríamos aquilo por que intimamente sempre anelamos. Não precisamos temer que, se visarmos tão-somente a comunhão com Deus, estejamos limitando nossa vida ou inibindo os impulsos naturais do coração. O oposto é que é verdade. Convém-nos perfeitamente fazer de Deus o nosso tudo, concentrando-nos nEle, e sacrificando tudo por causa dEle.

O autor do estranho e antigo clássico inglês, The Cloud of Unknowing (A nuvem do desconhecimento), dá-nos instruções de como conseguir isso. Diz ele: “Eleve seu coração a Deus num impulso de amor; busque a Ele, e não Suas bênçãos. Daí por diante, rejeite qualquer pensamento que não esteja relacionado com Deus. E assim não faça nada com sua própria capacidade, nem segundo a sua vontade, mas somente de acordo com Deus. Para Deus, esse é o mais agradável exercício espiritual”.

Em outro trecho, o mesmo autor recomenda que, em nossas orações, nos despojemos de todo o empecilho, até mesmo de nosso conhecimento teológico. “Pois lhe basta a intenção de dirigir-se a Deus, sem qualquer outro motivo além da pessoa dEle.” Não obstante, sob todos os seus pensamentos, aparece o alicerce firme da verdade neotestamentária, porquanto explica o autor que, ao referir-se a “ele”, tem em vista “Deus que o criou, resgatou, e que, em Sua graça, o chamou para aquilo que você agora é”. Este autor defende vigorosamente a simplicidade total: “Se desejamos ver a religião cristã resumida em uma única palavra, para assim compreendermos melhor o seu alcance, então tomemos uma palavra de uma sílaba ou duas. Quanto mais curta a palavra, melhor será, pois uma palavra menor está mais de acordo com a simplicidade que caracteriza toda a operação do Espírito. Tal palavra deve ser ou Deus ou Amor”.

Quando o Senhor dividiu a terra de Canaã entre as tribos de Israel, a de Levi não recebeu partilha alguma. Deus disse-lhe simplesmente: “Eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos de Israel” (Nm 18:20), e com essas palavras tornou-a mais rica que todas as suas tribos irmãs, mais rica que todos os reis e rajás que já viveram neste mundo. E em tudo isto transparece um princípio espiritual, um princípio que continua em vigor para todo sacerdote do Deus Altíssimo.

O homem, cujo tesouro é o Senhor, tem todas as coisas concentradas nEle. Outros tesouros comuns talvez lhe sejam negados, mas mesmo que lhe seja permitido desfrutar deles, o usufruto de tais coisas será tão diluído que nunca é necessário à sua felicidade. E se lhe acontecer de vê-los desaparecer, um por um, provavelmente não experimentará sensação de perda, pois conta com a fonte, com a origem de todas as coisas, em Deus, em quem encontra toda satisfação, todo prazer e todo deleite. Não se importa com a perda, já que, em realidade nada perdeu, e possui tudo em uma pessoa — Deus — de maneira pura, legítima e eterna.

Ó Deus, tenho provado da Tua bondade, e se ela me satisfaz, também aumenta minha sede de experimentar ainda mais. Estou perfeitamente consciente de que necessito de mais graça. Envergonho-me de não possuir uma fome maior. Ó Deus, ó Deus trino, quero buscar-Te mais; quero buscar apenas a Ti; tenho sede de tornar-me mais sedento ainda. Mostra-me a Tua glória, rogo-Te, para que assim possa conhecer-Te verdadeiramente. Por Tua misericórdia, começa em meu íntimo uma nova operação de amor. Diz à minha alma: “Levanta-te, querida minha, formosa minha, e vem” (Ct 2:10). E dá-me graça para que me levante e te siga, saindo deste vale escuro onde estou vagueando há tanto tempo. Em nome de Jesus. Amém.

Texto de A. W. Tozer, extraído do site http://www.monergismo.com/, traduzido por Felipe Sabino.

terça-feira, 2 de junho de 2009

QUEM É DEUS?






Muitas pessoas anseiam por conhecer Deus, saber quem Ele é...




É normal termos as seguintes interrogações:
- como Deus vê as minhas fraquezas e meus tropeços?
- como Deus vê a minha alegria?
- como Deus vê a minha enfermidade?
- como Deus reage quando estou me sentindo perdido?
- como Deus reage quando O adoro, mesmo sendo eu um pecador?
- como Deus vê meu relacionamento com pessoas ainda presas ao pecado?

E muitas outras perguntas que pairam sobre nossas cabeças.

Entretanto, se atentássemos um pouco mais para alguns detalhes das Escrituras, não teríamos essas dúvidas, pelo contrário, saberíamos exatamente como o Senhor age, pensa e nos vê.

Para conhecer a Deus, basta conhecer a Jesus Cristo.

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras.” (Jo 14:6-11)

Nesta passagem, Jesus é bastante claro ao afirmar que Ele e o Pai são um só, e que aquele que deseja conhecer ao Pai, conhece-lo-á através do conhecimento de quem é Jesus.

Jesus e o Pai não são diferentes, Eles são iguais em sua essência. Os pensamentos de Deus são os pensamentos de Jesus. As reações de Deus são as reações de Jesus. O amor que Deus manifestou pelo ser humano é o mesmo amor manifestado por Jesus.

Diante da nossa fraqueza e nossos tropeços, Deus tem a mesma reação que Jesus teve diante da mulher que foi pega em adultério (Jo 8:3-11). Ele não nos acusa, e confunde os acusadores, eis que estes também são humanos e falhos. Ele não nos aponta o dedo em riste, pelo contrário, tem misericórdia para nos perdoar e nos aconselhar a seguir o caminho correto.

Diante de nossa alegria, Ele também se alegra, como Jesus se alegrou ao participar de uma festa de casamento, e fez um milagre (conversão da água em vinho) para que a alegria dos noivos, dos anfitriões e convidados não fosse estragada (Jo 2:1-10). As festas de casamento naqueles tempos duravam 7 (sete) dias, nos quais as pessoas se alegravam, cantavam e dançavam. Jesus participou dessa alegria, e com certeza não ficou em algum canto com a cara amarrada, apontando os pecados das pessoas e proferindo julgamentos contra os que também se alegravam. Aquele que pensa que Deus se compraz em ver fisionomias fechadas, carrancudas, estão enganados, pois a alegria saudável dos filhos é agradável ao Pai. O maior motivo de alegria é estar na presença de Deus (Sl 16:11).

Diante de nossa enfermidade, Deus sente compaixão e deseja nos abençoar para que sejamos curados, assim como Jesus sentiu compaixão do leproso que, humildemente, afirmou: “Senhor, se quiseres podes tornar-me limpo”, e Jesus disse: “Quero; sê limpo”, e o homem foi curado no mesmo instante (Mt 8: 1-3).

Quando estamos sem rumo, perdidos, em busca de uma direção, Deus se compadece de nós e quer nos amparar, assim como Jesus, olhando para a multidão que o seguia e que estava faminta, teve compaixão, operou curas entre os enfermos e providenciou a multiplicação dos pães e peixes para lhes dar de comer (Mt 9: 35-38; 14: 14-21).

Quando adoramos ao Senhor, mesmo sendo pecadores, Ele reage como Jesus diante da pecadora que ungiu Seus pés (Lc 7: 37-50), pois Ele vê o coração, a humildade, e perdoa os pecados, aceitando nossa adoração, sabendo que é sincera.

E quando nos relacionamos com pessoas cujas vidas não estão de acordo com a Palavra de Deus, pois vivem na contra-mão do que ensinam as Escrituras? O que será que Deus pensa? Bem, lembremos que Ele próprio, enquanto esteve nesta terra como homem (Jesus), andou entre essas pessoas, chamando-as ao arrependimento, buscando recuperá-las, e não se importando com o moralismo barato da sociedade que exclui essas pessoas do convívio social, negando-lhes o direito à dignidade e a terem uma nova chance de recomeçarem (Mt 9: 10-13). Não significa sentar à roda dos escarnecedores e rir de seus pecados, mas anunciar-lhes que existe uma saída, não tomando parte da discriminação que o restante da sociedade pratica.

Veja bem, Jesus não pactuava com os pecados das pessoas. Em todas as oportunidades em que Ele curava ou libertava alguém, Ele sempre dizia: “Vá e não peque mais”. Jesus não amava os pecados das pessoas, mas amava profundamente os seres humanos, tanto que agia sempre de modo inclusivo, atraindo as pessoas através do amor, da bondade, da benignidade, e lhes ministrava a mensagem do Reino de Deus, buscando despertar nelas o arrependimento e o desejo por uma mudança de vida.

A Escritura diz que Deus não faz acepção de pessoas. Jesus nunca fez. Mas aqueles que amam mais a seus próprios pecados do que a Deus, e não querem dar ouvidos à voz do Senhor, são entregues às suas paixões infames e sofrerão a ira de Deus (Rm 1:18-32). Jesus disse ao jovem rico o que ele precisava para chegar ao Reino de Deus, mas o jovem não quis renunciar à sua riqueza. Jesus se entristeceu, entretanto, o jovem fez sua escolha, e por isto foi deixado no estado em que ele próprio escolheu para si (Mc 10:17-25).

Enfim, todo aquele que deseja conhecer profundamente a Deus, deve se empenhar em conhecer a Jesus Cristo. Não há outro caminho. Qualquer um que pregue um Deus diferente de Jesus Cristo, está blasfemando!

Os Evangelhos apresentam a pessoa de Jesus Cristo, seus sentimentos, seus pensamentos, sua conduta, e em nada se diferencia do Pai, porque ambos são um.

Veja como Jesus caminhava, como Ele tratava as pessoas, como Ele se relacionava com a criação, como Ele era manso, compassivo, perdoador, sincero, agradável, nunca preso a formalismos, legalismos e tradicionalismos.

Se você se sente desprezado, marginalizado, excluído, desvalorizado, olhe para Jesus e saiba que Ele não age como age o mundo: Ele ama você profundamente, tanto que entregou Sua própria vida para que você pudesse ser salvo. Ninguém faria isso por você, mas Deus fez.

Estude os Evangelhos, e conheça o verdadeiro Deus Vivo, na pessoa de Jesus Cristo.

José Vicente Ferreira

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O FALAR CRISTÃO

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem.” Ef 4:29

“Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; nem torpezas, nem parvoíces (conversas tolas), nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças.” Ef 5:3-4

“Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca.” Cl 3:8

Segundo as Escrituras Sagradas, todo aquele que com a boca confessa a Jesus como seu Salvador, e com o coração crê para a salvação, é feito nova criatura, passando por uma transformação total em seu ser.

Transforma-se a mente, e as coisas antigas dão lugar às novas. Afinal, vinho novo não pode ser colocado em odres velhos, muito menos remendo de pano novo em veste velha (Mc 2:21-22). Velhos hábitos ruins não cabem em uma nova vida.

Isto implica, também, em mudança no nosso falar. Alguém que renasceu em Cristo não pode ficar preso à linguagem corrosiva que antes cultivava, porém deve passar a ser um canal através do qual Deus manifestará a Sua Graça aos que ainda não foram alcançados e também àqueles que já O conhecem e O amam.

O tempo todo estamos nos comunicando com as pessoas, e o principal meio empregado são nossas palavras. Portanto, é necessário estar sempre vigilantes quanto ao que nossos lábios falam, pois através de palavras podemos edificar ou destruir.

Segundo o ensino de Paulo, apóstolo de Cristo, o falar cristão deve estar livre de alguns vícios altamente destrutivos:

a) palavras torpes – no original grego, o termo traduzido por torpe é sapros, que era comumente empregado com o significado de estragado, podre, decadente, muito utilizado em relação a peixes, carnes, frutas e outros alimentos. Figuradamente, esse termo representa o que é decadente, imoral, prejudicial, danoso, vergonhoso, indecente, nojento, repugnante.

Palavras torpes são aquelas capazes de provocar mal-estar aos outros, fazer com que as pessoas se sintam desconfortáveis e ansiosas por deixar o local, ferir a auto-estima alheia, ofender, humilhar, desanimar etc.
Os palavrões são exemplos bem claros de palavras torpes. Brincadeiras capazes de provocar humilhação, às vezes até mesmo sem intenção, também se enquadram nessa categoria e devem ser evitadas.

Proferir julgamentos contra nossos irmãos é uma forma de torpeza, visto que, quando o fazemos, estamos não apenas usurpando uma prerrogativa que pertence somente a Deus, mas estamos nos colocando em situação de superioridade em relação à pessoa a quem julgamos e provocando redução de sua auto-estima, que pode resultar em conseqüências muito graves.

De nossos lábios não devem sair palavras de julgamento, críticas, murmuração, xingamento, maldição, maledicência, depreciação, fofocas, mentiras. Antes, nossa língua deve proferir palavras de exortação, estímulo, gratidão, elogios sinceros, bênção, e tudo o mais que for bom, agradável e edificante.

Paulo é bem claro quanto a isto, ao afirmar que de nossa boca deve sair palavra para edificação, a fim de transmitir graça aos que ouvem.

b) parvoíces: em algumas versões, em vez de parvoíces consta palavras vãs ou conversas tolas. Segundo o dicionário bíblico, significa tolice, cretinice, estupidez. Essas palavras também significam asneira, besteira.

“Não usem palavras indecentes, nem digam coisas tolas ou sujas, pois isso não convém a vocês. Pelo contrário, digam palavras de gratidão.” Ef 5:4, NTLH.
Um cristão não deve andar em conversas tolas, visto que a Palavra de Deus é fonte de sabedoria, e o Espírito Santo nos leva ao proceder sábio.
No versículo 6 do capítulo 5 de Efésios, Paulo fala que “ninguém vos engane com palavras vãs, porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência”. O que vêm a ser essas palavras vãs?

Palavras vãs – Por incrível que pareça, ainda há pessoas que vivem como se Deus não existisse, ou não levam em conta a Sua existência. Trata-se de uma atitude que restringe a vida ao presente, pois não há pensamento sobre o futuro, não se espera que haja uma vida após a morte. Mas isso não é algo que ocorre apenas nos dias atuais, pois desde tempos antigos é algo relativamente frequente. Nos dias de Paulo havia pessoas desse tipo perturbando a Igreja. Entretanto, quem atenta para visão bíblica da vida percebe que a história se move em direção a um ponto final, quando todo ser humano haverá de estar diante de Deus para responder por seus atos (II Cor. 5:10; Hb. 9:27). Enfatizando a responsabilidade final do homem perante Deus, Paulo adverte que tão certamente quanto o amor de Deus se manifestou para a salvação da humanidade, com toda certeza "vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência" (Ef. 5:6). A ira divina é o juízo contra todo o mal e pecado, e contra aqueles que praticam tais coisas. Levando em conta a certeza do julgamento, Paulo advertiu aos crentes: "Não sejais participantes com eles" (v. 7). Indaga-se, então: participantes com quem? O verso 6 se refere aos que falam "palavras vãs". Eram falsos mestres que tinham suas mentes ainda impregnadas de filosofias pagãs, negando a realidade do pecado e do juízo final para aquele pecado. Paulo, então, orienta energicamente para que os crentes se afastem dessas pessoas e das suas filosofias, pois elas se opõem à verdade como é em Jesus. O apóstolo manifesta verdadeiro horror aos seus falsos ensinos e chama esses homens como "filhos da desobediência", sobre quem cairá "a ira de Deus" (v. 6). Ainda, Paulo adverte os cristãos no sentido de que, entre eles, não haja sequer sugestão, pensamento ou piada a respeito desses pecados.

c) chocarrices – chocarrice, segundo os dicionários, inclusive o bíblico, significa gracejo atrevido ou petulante, grosseiro; gozação; caçoada; piada com conteúdo pesado; palavra que choca.

Cristãos não devem andar a falar coisas grosseiras, fazendo piadas de mau gosto, com gracinhas atrevidas e muitas vezes grosseiras.

Paulo diz: “a vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um” (Cl 4:6).

A murmuração é um câncer, que corrói não apenas a pessoa que murmura, mas também afeta o próximo.

Em Êxodo 16:3 (“E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do SENHOR na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão”), vemos o povo de Deus murmurando. De seus lábios, antes de saírem palavras de gratidão, saiam palavras de reclamação.

Nossa boca deve expressar nossa gratidão a Deus por tudo o que Ele nos dá. Pela nossa casa, pela família, pelo trabalho, pela saúde, pelas tribulações que nos fazem crescer e amadurecer etc.

Tiago nos exorta a fazer bom uso de nossa língua, proferindo palavras de bênção, e não de maldição, e procurando refrear a língua, pois assim como ela pode edificar, também tem enorme poder destruidor (Tg 3:1-12).

As palavras devem ser usadas com ponderação, em todas as ocasiões, seja no nosso lar, no trabalho, na comunidade evangélica, no ambiente escolar, em momentos de lazer, etc.

Muitas famílias são destruídas porque as pessoas não refreiam suas línguas, e não refletem antes de proferirem alguma palavra. Assim, cônjuges se ofendem mutuamente, se desvalorizam um ao outro; pais amaldiçoam filhos, mesmo sem querer e sem saber, ao atribuírem a eles algum tipo de característica negativa.

Sigamos o que diz Salomão: “Na multidão de palavras não falta pecado, mas o que modera os seus lábios é sábio.” (Pv 10:19)

“As palavras suaves são favos de mel, doces para a alma, e saúde para os ossos.” (Pv 16:24)

Que sejamos legítimos canais de bênçãos e da Graça de Deus ao nosso próximo, através das palavras que saem de nossos lábios.

José Vicente Ferreira
Igreja Presbiteriana de Porecatu
06.10.2007

Materiais de apoio:
- Dicionário Bíblico – www.bibliaonline.net
- Bíblia de Estudo de Genebra
- Bíblia Nova Tradução na Linguagem de Hoje