Texto base: Josué 7
No texto em análise, vemos o povo de Israel totalmente extasiado após a fantástica vitória que Deus lhe concedera contra Jericó (Josué 6). O povo simplesmente precisou obedecer a Deus, fazendo exatamente o que Ele ordenara, e então o Senhor derrubou as muralhas de Jericó, permitindo a invasão à cidade e sua tomada por Israel, sob a liderança de Josué.
Entretanto, após tão esplêndida vitória, o povo de Israel experimentou uma humilhante derrota.
Josué enviou espias para que fizessem uma análise do povo de Ai, pois pretendia subir à batalha contra essa cidade, e foi informado de que o inimigo era fraco, não sendo necessário que muitos homens fossem destacados para a luta (v. 3).
Inexplicavelmente, os 3000 homens de Israel enviados para pelejar contra o exército de Ai tiveram que fugir do fraco exército inimigo, amedrontados como um povo covarde (v. 4-5).
O texto revela que após a derrota humilhante, Israel chorou, seu coração se derreteu, e Josué, líder de Israel, rasgou suas vestes e se pôs diante de Deus buscando uma resposta, uma explicação para o acontecido, afinal, Deus havia prometido estar com Seu povo e lhe conceder vitórias, a posse da terra prometida, mas parecia estar falhando no cumprimento de Sua Palavra.
Josué, por não saber o motivo para tamanho vexame, dirigiu-se a Deus lamentando a sorte do povo, e dizendo que aquilo acabaria por comprometer a reputação do próprio Deus (v. 7-9).
Em Sua resposta Deus deixou claro que estava cumprindo tudo o que anteriormente dissera, pois Ele não havia se comprometido a abençoar Israel incondicionalmente, antes, era necessário que o povo permanecesse em obediência aos Seus mandamentos, e aquela derrota, que fizera Israel chorar de vergonha, nada mais era do que a consequência da desobediência.
Podemos extrair várias lições dessa passagem bíblica, mas vamos destacar apenas três.
1 – Cada cristão tem grande responsabilidade pela unidade e harmonia da Igreja
É interessante notar que o povo de Israel ficou atônito diante da derrota sofrida, e quando Deus revelou que aquilo acontecera porque havia pecado no meio do povo, ninguém entendeu logo de início.
A leitura do texto mostra, porém, que apenas uma pessoa havia cometido pecado, um homem chamado Acã (v.1). O pecado dele consistia no fato de ter desobedecido a Deus, pois quando da batalha contra Jericó, o Senhor havia ordenado que ninguém de Israel se apropriasse das coisas condenadas que havia naquela cidade, mas Acã, cheio de cobiça, tomou dessas coisas e as escondeu, julgando que ninguém viria a saber. Mas Deus sabia.
Deus revelou, nesse episódio, uma realidade espiritual de extrema importância não apenas para aquele tempo, mas que perdura enquanto houver povo de Deus sobre a face da terra: cada cristão é responsável pela unidade da Igreja e por sua harmonia em santidade.
Uma primeira leitura do texto pode provocar certa revolta no leitor, afinal, quem pecou foi Acã, mas as consequências vieram sobre todo o povo. Como se diz no meio popular, os inocentes teriam pago pelo pecador.
A verdade, porém, é que o povo de Deus é um só, e há unidade entre os membros. Paulo ilustrou muito bem essa realidade ao afirmar que a Igreja é um corpo, do qual Cristo é a cabeça, e cada cristão é membro desse corpo (1 Cor 12.12-27).
Paulo também fala que cada membro é importante no corpo, tendo sua função, e deixa bem claro que é necessário haver harmonia entre os membros, pois o que ocorre com um membro afeta todo o corpo (1 Cor 12.26).
A ilustração do apóstolo é perfeita. Vamos aplicá-la ao nosso corpo humano. Cada órgão e membro de nosso corpo tem uma função específica e muito importante. Um problema no joelho afeta todo o restante do corpo, pois a pessoa pode ficar impossibilitada de se locomover, ou ter grande dificuldade em realizar trabalhos ou caminhar, se divertir, praticar esportes, etc.
Quando se leva uma martelada em um dedo da mão, é impossível impedir a reação do corpo todo, que sente claramente a dor daquele pequeno membro. E mesmo que haja a intenção de prosseguir no trabalho que se está realizando, muitas vezes a dor naquele dedo impede que se dê continuidade, pelo menos até que a dor passe. Enquanto houver dor, há dificuldade da mão em segurar objetos, e se de repente a pessoa se desequilibra da escada, a dor no dedo pode impedir que ele se agarre em algo para não cair, e assim todo o corpo sofre.
Uma dor lombar pode fazer com que o corpo todo fique de cama, sujeito a medicações que vão afetar os órgãos internos.
No corpo de Cristo, que é a Igreja, o que acontece com um membro afeta todo o corpo. O pecado de um membro influencia negativamente na unidade quanto à santidade. A disposição de um membro em cumprir ou não a sua parte, exercitando os dons recebidos de Deus, vai repercutir diretamente no crescimento do corpo, na manutenção de sua unidade e nas bênçãos derramadas sobre a Igreja e através da Igreja.
Ora, se dez pessoas estão comprometidas com o anúncio das Boas Novas, dedicando-se à evangelização, e o restante da congregação simplesmente se acomoda nos bancos do templo e acha que isso é suficiente, a Igreja experimenta dificuldades de crescimento em número. Porém a Cabeça do Corpo, que é Jesus, o dono da obra, tem meios para alcançar os incrédulos, mesmo que seja através de cristãos de outra denominação. O problema é que os bancos daquele templo onde os cristãos não querem exercitar seus dons continuarão com muitos espaços para serem preenchidos.