terça-feira, 17 de maio de 2016

CHAMADOS PARA SER INSTRUMENTOS DO PODER DE DEUS


Base: Mateus 10.1-4

Jesus Cristo veio ao mundo com uma missão bem definida, e a cumpriu cabalmente, não restando nada a ser feito em termos de oferta pelo pecado, já que o Cordeiro de Deus foi imolado na cruz a fim de redimir todos os que nEle creem. Jesus se mostrou ser o Único Caminho para a reconciliação com Deus, e por meio de Sua morte e ressurreição Ele nos proporcionou a Vida Eterna.
A fé cristã se alicerça nessa verdade, todavia, para que essa Boa Nova chegasse a todos os lugares do planeta, Cristo deixou na terra a Sua Igreja, composta por todos os que nEle creem e que O tem como Senhor e Salvador.
Essa Igreja é formada pelos que foram chamados por Cristo para serem Seus embaixadores, os proclamadores do Reino, aqueles que têm a responsabilidade de dizer a todos que Jesus morreu e ressuscitou para nos dar a salvação, e um dia voltará para buscar a Sua Igreja, assim como para julgar os vivos e os mortos, cientes de que todos os que rejeitam o Cristo receberão sobre si a condenação por sua vida de pecados e rebeldia.
Analisando o texto bíblico, porém, percebemos que Jesus, ao escolher aqueles que levarão o Evangelho adiante, não se preocupa em chamar pessoas grandemente instruídas nem de destaque na sociedade. As escolhas de Jesus surpreendem a todos, pois Ele não olha para os seres humanos como nós olhamos, Ele não busca pessoas extremamente capacitadas, mas vislumbra corações aptos a serem trabalhados para que o Poder de Deus seja manifesto.
A passagem que lemos nos traz algumas lições importantes, que devem estar fixas em nossa mente, porque também nós somos chamados, a exemplo daqueles homens, para anunciarmos as Boas Novas, e embora não nos sintamos capacitados, a Palavra nos mostra que devemos nos dispor e obedecer, porque quem nos capacita é Cristo.
Vamos ver alguns pontos relevantes do texto bíblico.

1)      Jesus chama pessoas improváveis 
Os discípulos de Cristo não eram pessoas diferenciadas, pelo contrário, eram homens comuns, a maioria tinha pouca instrução, e seus temperamentos eram variados. Não havia nada especial naqueles homens, e provavelmente eles não seriam considerados como boas opções de líderes, de prosseguidores da Obra do Filho de Deus.
Os homens chamados por Jesus para serem seus discípulos e apóstolos tinham defeitos como qualquer ser humano. Eles não eram pessoas influentes na sociedade, não ostentavam títulos ou qualquer poder.
Pedro era impulsivo, ambíguo – tinha fé, mas ao mesmo tempo fraquejava; era corajoso, mas ao mesmo tempo tinha medo -; afirmou que morreria por Jesus, mas o negou quando Ele foi preso, e depois se arrependeu amargamente.
Tiago e João eram bem dispostos, mas cogitavam ter a primazia entre os demais, causando mal estar e levando Jesus a adverti-los. Em certa ocasião propuseram a Jesus usar o poder celestial para trazer o mal a uma aldeia por vingança, pois tinham se recusado a receber o Mestre, precisando ser repreendidos por Jesus (Lucas 9.54).
Tomé era um homem que precisava de provas para acreditar. Quando Jesus ressuscitou, Tomé não acreditou no testemunho dos demais discípulos, afirmando que somente creria se visse Jesus e tocasse em seus ferimentos.
Mateus era um coletor de impostos, e como todo publicano, não era bem visto pelo povo, pois geralmente os coletores exigiam mais do que era devido, defraudando as pessoas.
A maioria dos discípulos chamados eram pescadores. Não havia doutores em teologia. Jesus não escolheu escribas nem mestres, mas pessoas comuns, improváveis, sem maiores qualificações, e de quem não se poderia esperar muita coisa. Eram diferentes uns dos outros, com opiniões e atitudes distintas.
Da mesma forma Jesus continua agindo hoje. Ele escolhe e chama pessoas como nós, que não temos grandes atrativos como seres humanos, somos pessoas comuns. Nós que temos falhas, medos, pecados, temos dificuldades com nossos temperamentos, somos infiéis, mentirosos, não confiáveis, desprovidos de grandes conhecimentos sobre Deus e Seu Reino.
E mesmo que tenhamos algum título que as pessoas valorizem, isso não é considerado por Cristo, pois diante dEle todos somos iguais. Depois de sua ressurreição, Cristo vocacionou Paulo para ser apóstolo. Paulo era um homem culto, um doutor da Lei, todavia ele mesmo testificou em suas cartas que o seu conhecimento anterior ao encontro com Cristo era considerado refugo, e que somente depois que sua vida foi entregue a Cristo é que ele soube o que era o verdadeiro conhecimento, a verdadeira sabedoria e a verdadeira riqueza.
Os títulos humanos não são nada para Cristo. Diante dEle todos são pecadores e necessitam desesperadamente da Graça Salvadora.
Mas muitos acham que possuir títulos, posição social, é algo relevante para ser usado por Deus. Ora, para ser instrumentos de Deus não somos escolhidos por nossas prerrogativas ou qualificações, e Jesus mostrou exatamente isto ao escolher um grupo de homens que não tinham status nem eram notáveis, antes, eram comuns.
Jesus usa pessoas imperfeitas.

2)      Jesus conhece a quem Ele chama 
Jesus não chamou pessoas sem saber de suas características. Ela sabia quem era cada um dos escolhidos. Jesus conhecia o caráter de Pedro, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu e todos os demais que Ele chamou para serem seus discípulos e apóstolos.
Jesus não foi surpreendido com as atitudes dos que Ele chamou. Ele não ficou perplexo diante da negativa de Pedro, muito menos diante dos arroubos de fidelidade desse mesmo Pedro.
Dentre os discípulos, um não estava comprometido com o Reino de Deus da forma que Jesus veio ensinar, mas pensava em um reino político, tinha pretensões opostas ao que o Mestre pregava, e isso o levou a entregar Jesus aos que queriam prendê-lO e matá-lO. Judas fazia parte do grupo de discípulos, mas foi o traidor. Ele não estava imbuído da mesma mentalidade dos demais. Há uma passagem em que Judas é chamado de ladrão, porque retirava valores da bolsa de ofertas coletadas (João 12.4-6).
Porém Jesus não foi surpreendido com a atitude de Judas, porque Ele o conhecia e sabia exatamente o que Judas faria.
Cada um de nós é ampla e profundamente conhecido por Jesus. Ele sabe o que se passa em nosso coração, conhece nossos medos, nossas dúvidas, nossas fraquezas, nossos anseios, nossos dramas, nossos traumas.
Nós não surpreendemos Jesus com nossas atitudes, com nossos momentos de recuo, com as recaídas em algum pecado. Não há nada em nosso ser que seja desconhecido por Jesus. Nada oculto, ainda que no mais íntimo do nosso ser, que esteja encoberto aos olhos dEle. Ele sabe se somos como Pedro ou como Judas.
Por vezes as pessoas se mostram temerosas de desenvolver algum trabalho na Igreja porque não se consideram capazes nem dignas. Há pessoas que pensam que talvez Jesus não saiba de algum defeito escondido que possuem, e que se Ele soubesse elas seriam rejeitadas.
O Salmo 139 se aplica como uma luva aqui, pois revela o amplo conhecimento de Deus sobre cada um de nós, até mesmo em áreas escondidas, que a ninguém revelamos.
Em João 1.43-51 temos a passagem em que Filipe leva seu irmão Natanael até Jesus, e o Mestre, assim que o vê, afirma: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!”. Natanael ficou perturbado e Jesus disse: “Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira”. A reação de Natanael mostra que Jesus estava falando de algo que provavelmente ninguém sabia, o que demonstra o conhecimento que Jesus tinha de Natanael antes mesmo deste lhe ser apresentado.
Jesus não se engana conosco.

3)      Jesus transforma a quem Ele chama 
Os homens escolhidos por Jesus passaram três anos caminhando com Ele, sendo instruídos e conhecendo mais a fundo os valores do Reino.
E enquanto caminhavam com Cristo, eram transformados. Homens temerosos se transformaram em ousados pregadores das Boas Novas. Homens infiéis, que fugiram quando Jesus foi entregue para ser morto, se tornaram testemunhas fiéis de Cristo, morrendo por Ele. Homens com pouca instrução foram feitos pregadores audaciosos, capazes de falar com sabedoria e intrepidez até mesmo diante de autoridades.
Jesus trabalhou o temperamento daqueles homens.
Jesus os chamou como eram, mas não os deixou daquele jeito, pois não poderiam ser instrumentos de Deus sem que fossem antes transformados em novos homens.
Da mesma forma, Jesus nos chama no estado em que nos encontramos, mas Ele quer nos usar como instrumentos para a glória de Deus, como embaixadores do Reino, e para isto Ele molda nosso caráter, age em nossas fraquezas, em nossos medos, envia o Seu Espírito Santo para nos instruir e transformar.
Todos nós, que fomos chamados por Cristo para sermos Suas testemunhas, precisamos ser lapidados. Devemos caminhar com Cristo, aprender dia a dia a nos conhecermos mais, e a conhecermos profundamente o nosso Senhor, submetendo-nos à ação do Espírito Santo.
Cristo quer fazer de nós instrumentos úteis ao Reino de Deus. Ele quer que nos esvaziemos de nós mesmos para sermos cheios do Espírito Santo. Ele quer que nossa caminhada seja acompanhada da manifestação do Poder de Deus, levando vida onde estivermos, assim como o fizeram aqueles que Ele vocacionou no início da Igreja.
Os apóstolos foram os homens que deram prosseguimento à obra de Cristo na terra, levando a Igreja a crescer e se espalhar por todo o mundo, mas só conseguiram isso porque foram profundamente transformados pelo poder de Deus e viram o caráter de Cristo ser formado e fortalecido neles a cada dia.
Assim também nós, que hoje somos chamados por Cristo para sermos Seus embaixadores, necessitamos passar pela completa transformação de nosso ser, com o caráter de Cristo sendo moldado em nós, de maneira que possamos efetivamente ser utilizados como instrumentos de honra na Casa do Altíssimo, jamais trazendo vergonha ao Nome de Deus, mas trabalhando para engrandecê-lO cada vez mais entre as nações.
Os doze apóstolos de Cristo – exceto Judas, que tinha outra finalidade – transformaram o mundo por meio da pregação do Evangelho, anunciando a Cristo. E nós, feitos embaixadores de Cristo, somos transformados dia a dia para que o mundo conheça a Cristo por meio de nós.
Jesus nos faz novas criaturas.

CONCLUSÃO
A obra de Cristo não terminou, e a cada dia ele comissiona mais pessoas para que deem prosseguimento a esse trabalho, anunciando a morte e ressurreição do Filho de Deus, e a sua volta futura, quando então fará separação entre o joio e o trigo, lançando fora todo aquele que rejeitar a Palavra da Fé, que não O reconhecer como Senhor e Salvador, que se mantiver em inimizade contra Deus.
Para isto, Jesus continua chamando pessoas comuns, cujos defeitos são por Ele conhecidos, e que serão por Ele transformadas profundamente, a fim de que se tornem instrumentos do poder de Deus e glorifiquem ao Altíssimo.
Ouvindo a voz de Cristo respondamos afirmativamente, e nos submetamos sempre ao Seu senhorio, porque Ele deseja demonstrar, por meio de nossas vidas, o Seu imenso amor ao ser humano e a oportunidade oferecida de reconciliação com Deus.

“Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.” (Salmo 139.3-4)

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, e prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139.23-24)

Que o Cristo nos faça compreender a importância do nosso chamado, e nos capacite para sermos instrumentos de glorificação de Deus.
José Vicente 
24.04.2016