segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A SURPREENDENTE GRAÇA RESTAURADORA DE DEUS


Texto Base: 2 Crônicas 33.10-13 (paralelo: 2Reis 21.1-18)

Será possível que alguém que conhece a Deus e à Sua Palavra, que já viu o poderoso agir de Deus no meio de Seu povo, venha a se desviar do caminho do SENHOR de tal maneira que chegue a se tornar pior do que os incrédulos? E caso isso ocorra, será que existe alguma esperança de restauração para essa pessoa?

O texto que lemos trata da história de Manassés, que foi rei de Judá por 55 (cinquenta e cinco) anos, tendo iniciado seu reinado ainda menino, aos 12 (doze) anos, quando ocorreu o falecimento de seu pai, o rei Ezequias (2Cr 33.1).

Sabemos que Ezequias foi um rei que andou nos caminhos de Deus e experimentou livramentos incríveis, além da cura de uma enfermidade grave e o prolongamento de sua vida em 15 (quinze) anos (2Cr 29 a 32; 2Rs 18 a 20). Ezequias era temente a Deus, e teve seu nome registrado na história dos reis de Judá como um rei que fez o que era reto perante o SENHOR (2Cr 29.2).

Apesar de ser filho de um homem crente e temente a Deus, Manassés não seguiu o exemplo e os ensinamentos de seu pai, mas se desviou dos caminhos de Deus, abraçando a idolatria e praticando atos semelhantes aos dos gentios incrédulos que não temiam a Deus.

A Palavra nos revela que Manassés voltou a levantar os altares que seu pai havia destruído para adoração a falsos deuses, adorava os exércitos dos céus (astros celestes), ofereceu os próprios filhos em sacrifício a deuses pagãos, fazia adivinhações, praticava feitiçarias, aceitava que se consultassem os mortos, colocou imagens de ídolos pagãos dentro do Templo consagrado a Deus, e fez muitas outras coisas que jamais se esperaria de um líder do povo de Deus, levando esse povo a se portar pior do que as nações que antes habitavam naquelas terras e que Deus havia destruído (2Cr 33.2-9).

Manassés era filho de crente, mas se portou pior do que um incrédulo, pois não tinha integridade, era mau e inclinado a fazer coisas terríveis, desonrando a Deus.

A história de Manassés mostra como uma pessoa que faz parte do povo de Deus pode se desviar dos caminhos do Pai Celeste, seguindo o curso deste mundo e o seu enganoso coração para praticar atos insanos e de total reprovação diante da Palavra.

Ao vermos o relato da vida de alguém assim, é natural que sintamos uma certa aversão por essa pessoa, e até que desejemos que “justiça” seja feita. Essa “justiça” consiste em ver tal pessoa receber a paga por seus atos e ser descartada por Deus, pois a consideramos indigna da misericórdia do Altíssimo.

Devemos, porém, analisar a nós mesmos para ver se não estamos tomando o mesmo caminho que foi trilhado por Manassés, porque ninguém está livre de ceder às tentações deste mundo e acabar cometendo loucuras contra Deus. Paulo, apóstolo de Cristo, faz a seguinte advertência: “aquele, pois, que pensa estar em pé veja para que não caia” (2Cor 10.12).

Vamos destacar algumas lições que podemos extrair do texto lido.

1)      A rebeldia está ligada a um coração endurecido (v. 10)

O versículo 10 nos diz o seguinte: “Falou o SENHOR a Manassés e ao seu povo, porém não lhe deram ouvidos.”

Em toda a Bíblia sempre vemos Deus agindo de maneira misericordiosa, sendo que, antes de enviar punições sobre seu povo, Ele providencia avisos por meio de profetas e da Sua Palavra. No caso de Manassés e Judá não foi diferente, pois Deus falou por meio de profetas, o que também pode ser verificado em 2Reis 21.10-16, onde o SENHOR alertou sobre as terríveis consequências que viriam pelos atos de rebeldia de Manassés e do povo.

Manassés não deu ouvidos à voz de Deus. O povo, seguindo seu líder rebelde, também não se importou com as advertências feitas por meio dos profetas.

A soberba do coração humano é um dos maiores venenos para a saúde espiritual, pois nos leva a pensar que somos alguma coisa e que temos autonomia, autosuficiência, e que podemos negligenciar a voz de Deus para vivermos como bem entendermos, sem que isso nos traga qualquer consequência negativa.

Com certeza todos nós conhecemos pessoas obstinadas, que nunca dão ouvidos a conselhos e, invariavelmente, acabam se dando mal. Pois Manassés era esse tipo de pessoa. Sua arrogância o impedia de honrar a Deus como deveria, vivendo em desobediência total e levando todo o seu povo pelo mesmo caminho pecaminoso.

Essa postura de Manassés continua presente em muitas pessoas hoje. Há cristãos que vão se tornando resistentes à Palavra, às exortações, como se suas mentes estivessem plenamente tomadas pelos encantos do mundo e da carne. Por mais que ouçam, não absorvem nada, não modificam seu proceder, acham que sabem o que estão fazendo e seguem resolutos pelo caminho que escolheram trilhar, mesmo que seja claramente contrário à Palavra de Deus.

São pessoas que, a despeito das advertências bíblicas e dos profetas que Deus levanta para falarem, continuam sua jornada para abraçar os valores do mundo, para satisfazer as concupiscências da carne e a soberba da vida, vivendo de forma egoísta, como se jamais fossem prestar contas a Deus.

Orgulho e desobediência andam juntos, e levam cada vez mais para o abismo. O orgulhoso não vê Deus como o Deus Altíssimo e Todo Poderoso, e não lhe devota adoração autêntica, mas coloca Deus no mesmo patamar dos deuses criados no coração. Ele não tem o temor do SENHOR no coração, não acredita nas possíveis consequências de seus atos e crê que conseguirá ficar impune de todos os pecados que comete.

E essa rebeldia nem sempre começa com coisas grandes, pelo contrário, ela vai se manifestando nas pequenas coisas do dia a dia, até tomar vulto e assumir o controle da vida do crente. Uma pequena concessão ao pecado hoje pode resultar em uma verdadeira inundação do coração amanhã. É preciso vigiar para que tudo aquilo que é contrário à Palavra de Deus não encontre abrigo em nossas mentes, caso contrário o pecado da rebeldia poderá se instaurar e fazer estragos muito grandes.

2)      A rebeldia traz consequências terríveis (v.11)

Por não darem ouvidos à voz de Deus, que falou por meio de profetas, Manassés e o povo de Judá sofreram consequências terríveis. Deus permitiu que os assírios invadissem Jerusalém e levassem tanto o rei Manassés como o povo para a Babilônia, na condição de prisioneiros.

Manassés foi humilhado, pois ele, que se considerava um homem poderoso, acima de todos, confiando nas técnicas de magia negra, de um momento para outro se viu privado de seu reino, de sua autoridade, submetido a um povo pagão e mau, tratado como um qualquer. Ele perdeu tudo o que tinha e se viu desolado na prisão.

Manassés perdeu sua liberdade, mas foi ferido, principalmente, em sua dignidade, em seu orgulho. Aquele que antes julgava poder todas as coisas, agora via que não tinha condições de se livrar das cadeias que o prendiam e estava condenado a passar o resto de sua vida nessa situação ou ser morto pelos inimigos.

Manassés viu seu nome jogado na lama, viu sua força subitamente desaparecer, revelando-se fraco e incapaz de mudar aquela situação por qualquer meio humano. Ele teve um choque de realidade.

Assim como Manassés, muitas pessoas que se desviam dos caminhos de Deus experimentam consequências amargas, passam por experiências que poderiam ter sido evitadas pelo ato de obedecer ao SENHOR. São pessoas que veem sua família desmoronar, perdem esposa ou marido, filhos, pais, amigos, bens, emprego, saúde, dignidade, etc.

Essas pessoas negligenciam as advertências da Palavra de Deus, e de repente começam a colher os frutos de seus atos insanos, sendo incapazes de reverter a situação. Passam por sofrimentos intensos, humilhações, chegam a se desesperar e desejar abandonar a vida. Da mesma forma que Manassés, subitamente constatam que nada são sem Deus, e que tudo o que fizeram foi loucura. O sofrimento provoca sentimentos os mais variados.

O caminho da rebeldia pode até parecer agradável até certo momento, porque o rebelde se deleita na satisfação de suas vontades, nos prazeres momentâneos oferecidos pelo mundo, todavia, quando passa a fase das advertências de Deus e chega o momento da colheita daquilo que foi semeado, o prazer se transforma em tristeza, o doce se transmuda em amargo, e sua fragilidade é exposta diante de seus olhos.

Irmãos, devemos vigiar constantemente e fazer uma autoanálise contínua para verificar qual é o nosso estado espiritual, se não estamos sendo orgulhosos e desobedientes, porque as consequências que virão podem ser extremamente pesadas e difíceis de suportar.

É necessário cultivar a humildade, porque o coração humilde aceita a repreensão e se livra de muito sofrimento, mas enquanto há arrogância o pecado vai tomando vulto, até provocar uma queda que produzirá ferimentos muito dolorosos.

A Palavra assim nos orienta: “Pobreza e afronta sobrevêm ao que rejeita a instrução, mas o que guarda a repreensão será honrado” (Pv. 13.18), e “O que rejeita a disciplina menospreza a sua alma, porém o que atende à repreensão adquire entendimento” (Pv. 15.32).

3)      O arrependimento verdadeiro traz perdão e restauração (vv. 12-13)

Sabemos que é possível ao cristão se desviar do Caminho e seguir o pecado, amando os prazeres do mundo e sendo negligente para com a Palavra de Deus. Sabemos também que esse tipo de conduta produz frutos deveras amargos, que podem ser tão terríveis que a pessoa chega a desejar a morte.

Entretanto, Deus é misericordioso, e não desiste de Seus filhos.

As consequências da desobediência são empregadas por Deus como uma disciplina para quebrantar o coração do filho arrogante e levá-lo à consciência de que está cavando sua própria sepultura espiritual, mas que existe ainda uma solução.

No texto lido, vemos que Manassés, após ser preso pelos Assírios e perceber que não existia possibilidade de se livrar por suas forças, ficou angustiado, pois se arrependeu de sua péssima conduta perante o SENHOR, se humilhou e clamou pela misericórdia de Deus.

Manassés fez exatamente o que Deus havia orientado em 2Cr 7.14: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”.

Percebemos que foi um arrependimento sincero, porque se ele persistisse em sua arrogância, jamais faria a oração que fez, e caso a fizesse, ela não teria sido ouvida por Deus, pois a Bíblia deixa bem claro que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4.6).

Como resultado do arrependimento de Manassés e de sua oração a Deus, feita com coração quebrantado, o SENHOR cumpriu a promessa contida em 2Cr 7.14 e providenciou a sua libertação e seu retorno para Jerusalém, onde prosseguiu seu reinado, mas desta vez reconhecendo que o SENHOR era o único Deus (v. 13).

Deus perdoou e restaurou a Manassés e ao povo. Manassés, recebendo o perdão de Deus, mudou sua conduta e passou a adorar unicamente ao Altíssimo. Ele providenciou a retirada dos altares erguidos a falsos deuses, edificou o mudo da Cidade de Davi, promoveu reformas em seu exército na proteção das cidades, ofereceu sacrifícios de ações de graças a Deus e levou o povo a se manter fiel ao SENHOR.

O arrependimento sincero do crente o leva a receber o perdão de Deus e a restauração. E isso é seguido de uma mudança radical na forma de viver, com o abandono do orgulho, do pecado, da desobediência, da autosuficiência, e o reconhecimento de Deus como o único Deus, digno de todo o louvor e adoração.

Deus não tem prazer no sofrimento de Seus filhos, e não quer que nenhum deles se perca. Da mesma forma que Deus fez com Manassés, Ele continua fazendo hoje com Seus filhos que se desviam do Caminho e mergulham no pecado, desonrando o nome do Altíssimo. Ele permite que o crente colha as amargas consequências de seus atos, disciplina os filhos e os leva a verem o que estão fazendo e o que estão perdendo com sua rebeldia.

Assim, o Eterno não terá dúvidas em disciplinar os filhos a quem ama, para que retornem ao caminho correto e sejam purificados no sangue de Cristo.

CONCLUSÃO

Deus nos ama e quer que experimentemos vida plena em Sua Presença, mas muitas vezes nossa inclinação para o pecado nos afasta dos caminhos do Altíssimo, levando-nos a provar prazeres transitórios e a sofrer as consequências nefastas de nossos atos rebeldes.

O amor de Deus está presente quando Ele nos disciplina, deixando que provemos o sabor amargo dos frutos decorrentes de nosso procedimento pecaminoso, para que nos humilhemos e reconheçamos nossos erros.

A misericórdia de Deus se manifesta sobremaneira quando, com o coração quebrantado, nos humilhamos e suplicamos o perdão do Altíssimo, tomando consciência de que, sem Deus, nada somos e nada podemos fazer.

Por meio do arrependimento sincero, nossas vestes são lavadas no sangue do Cordeiro, Jesus Cristo, para nos purificar de toda a imundície do pecado, e somos restaurados à comunhão com Deus e com Seu povo, para que tenhamos uma vida transformada e que glorifique ao Eterno continuamente.

“4 Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue 5 e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; 6 porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. 7 É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? 8 Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.” (Hebreus 12.4-8)

“24 Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, 25 ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém!” (Judas 24-25)

Que Deus não permita jamais que nossos pés vacilem, mas nos conserve firmes na fé e na obediência a Ele, em Cristo Jesus, nosso Senhor. Amém.

José Vicente
17.09.2017

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