Texto base: Mateus 14.22-33
Todos nós sabemos que viver a fé
cristã no mundo é algo bastante difícil e que exige constante vigilância de
nossa parte. Precisamos estar prontos para renunciar a coisas que nos sejam
interessantes ou importantes, mas que não agradem a Deus; prontos para a oposição; prontos para sermos chamados
de loucos, fanáticos, quadrados, intolerantes, alienados, mas, principalmente,
prontos para fazer o bem ao próximo e imitar Jesus em nossas atitudes.
Jesus vem ensinando, por meio de
suas ações, que todos os que decidem segui-lo devem andar nos seus passos,
fazendo o que Ele fez, como verdadeiros discípulos. Assim, ao dar atenção a uma
multidão de milhares de pessoas, curando seus enfermos e provendo alimento para
todos com a multiplicação de pães e peixes (14.13-21), Jesus mostrou que é
necessário atender às multidões, socorrer as pessoas em suas necessidades,
falar-lhes do amor de Deus e demonstrá-lo na prática de obras que evidenciem
esse amor.
Sim, Jesus nos ensina que, como
seus discípulos, devemos amar ao próximo e nos preocupar com ele. Não significa
nos intrometermos na vida do próximo, mas desejar o seu bem e lhe dedicar
atenção sempre que procurar nossa ajuda, da mesma forma que Jesus fazia com as
pessoas que O buscavam.
Na passagem lida Jesus prossegue
mostrando aos discípulos como deve ser a conduta de alguém que quer segui-lo. Jesus
havia se dirigido para aquele local com seus discípulos a fim de que eles
pudessem descansar um pouco, longe das multidões, pois os textos paralelos nos
mostram que os doze haviam retornado da missão que Jesus lhes dera, e estavam
cansados, pois, diante da grande quantidade de pessoas que os procuravam, não
tinham tempo nem mesmo para comer (Mc 6.30-32).
Mas não houve descanso, porque as
multidões os seguiram. Jesus se compadeceu daquelas milhares de pessoas e as
atendeu. Após passar o dia atendendo àquela enorme multidão, Jesus diz aos
discípulos para embarcarem e seguirem adiante, enquanto ele despediria as
multidões (v. 22). O Mestre teve esse cuidado especial porque, conforme narra
João (Jo 6.15), Ele sabia que o povo pretendia levá-lo à força para o proclamar
rei, por causa dos grandes feitos que haviam testemunhado. Não o Rei Eterno,
mas um rei político, pois muitos concluíram que Ele era o profeta prometido nas
Escrituras, mas não alcançaram a profundidade da profecia, pensando apenas no
aspecto político.
Jesus sabia que seus discípulos
poderiam se empolgar com essa ideia e tentar convencê-lo a aceitar a honraria,
pois eles ainda tinham muito a aprender e não tinham a plena consciência da
missão do Messias, de que Ele não seria um libertador político, mas tinha a
finalidade de restaurar o povo para Deus e conceder-lhe a salvação por meio de
sua própria morte. Por essa razão Jesus ordenou que os discípulos fossem à sua
frente, e depois Ele os alcançaria.
Jesus não podia deixar que nada
interferisse em sua missão aqui na terra, e essa missão não era ser coroado um
rei político, pelo contrário, era infinitamente superior a isso.
Para cumprir nossa missão e andar
nos passos de Jesus, enfrentamos muitos desafios, e para nos mantermos firmes é
necessário observar as lições que Jesus nos ensinou, caso contrário, teremos
dificuldades em imitar o Mestre e acabaremos tendo uma vida cristã medíocre,
sem fazer nenhuma diferença neste mundo, cedendo diante dos obstáculos.
Vamos destacar algumas lições que
podemos extrair desse texto:
1) Vida de oração (v. 23)
No versículo 23, lemos que Jesus
despediu as multidões e, logo após, subiu ao monte para orar sozinho, ali
permanecendo por muito tempo, visto que ele se dirigiu para lá ao final da
tarde, e somente foi ao encontro dos seus discípulos na quarta vigília da noite,
que, segundo consta, seria um horário entre as 3 e as 6 horas da manhã.
Sabemos que Jesus era 100%
humano, embora fosse 100% Deus. Como ser humano, ele também se cansava e
precisava recarregar suas energias. O repouso era essencial a Ele, assim como é
para qualquer ser humano. Entretanto, naquele momento, após um dia exaustivo em
que Jesus atendeu a milhares de pessoas, ministrando curas, pregando e provendo
alimento para todos, em vez de ir dormir, Jesus se retirou para orar, ou seja,
para conversar com o Pai.
A vida de oração de Jesus era
impressionante. Ele sempre reservava um tempo especial para conversar com o Pai
Celeste. Diante das pessoas Ele fazia orações, mas a oração de intimidade e
comunhão com Deus era feita a sós, longe da correria, dos falatórios, do
barulho das multidões, na tranquilidade do isolamento.
O cristão que deseja seguir os
passos de Jesus, precisa aprender a orar como Ele orava. Não significa repetir
as palavras que Jesus falava, afinal, nem mesmo sabemos tudo o que ele conversava
com o Pai, mas dedicar um tempo especial para nos colocarmos diante do Pai e
expor a Ele tudo o que está em nosso coração, estreitando esse relacionamento
de Pai e filho. A oração vai ter muitos benefícios em nossa vida, dentre os
quais podemos citar alguns: